junho 23, 2006

Never say goodbye

Eu, que como todas a gente odeio despedidas, hoje não me escapei. O meu colega Michael (note to self: três posts quase consecutivos sobre ele são motivo para perguntar se não há nada de errado comigo) vai apanhar o avião amanhã. Para sempre. É óbvio que nem sequer criei uma relação com ele: achar piada a um gajo pode turvar-nos as propriedades discursivas. Especialmente se tivermos de nos expressar numa língua estrangeira. E especialmente se não a dominamos.


Mas, durante duas semanas, habituei-me a ansiar pela chegada das nove horas da manhã e começar a trabalhar. Todos os bocadinhos em que me podia distrair do trabalho sabiam a pouco e lá o ia mantendo sempre debaixo do olho. No fundo, ele tinha ocupado um lugar que, na minha opinião, deve estar sempre preenchido: uma coisa semelhante a um objecto de desejo que, por mais fútil e platónico que seja, nos dá sempre razão para suspirar. Mesmo que nunca (e neste caso, nunca é dizer pouco) passe de uma fantasia, é bom sentirmo-nos empolgados com qualquer coisa e ainda melhor se for com uma pessoa.


De forma que a despedida foi assim muito fria e distante, como o protocolo alemão exige. 'Boa sorte para vocês, bom voo para casa, iada iada iada' e lá se foi ele, com os seus saquinhos do Corte Inglês debaixo do braço. Eu ia jurar que ele olhou para mim com pena e, se quisesse mesmo ser parva, ia jurar que lhe vi os olhos a marejar com lágrimas. Não vi lágrimas nenhumas. Mas ele queria ficar. E eu queria que ele ficasse e que ele fosse embora.


Ai.

1 comentário:

Anónimo disse...

para sempre, mas quem disse? a Alemanha nao fica do outro lado do oceano e alemaes desses há mais. bom, se calhar nao, mas nao precisam ter nacionalidade, nao é? afinal os nossos objectos de desejo também podem ser cidadaos do mundo ;)