janeiro 16, 2007

Porque ainda há quem pense que o melhor é estarmos sozinhos


A minha mãe já está sentada na poltrona onde agora passa os dias. Tem a manta de xadrez por cima das pernas e suspira muito porque acha que não vai aguentar um mês de inactividade. Eu pego nos filmes que trouxe para ver e pergunto-lhe o que quer ver. Não gosta de escolher mas o nome Richard Gere faz escapar-lhe uma faísca tímida. Temos que ver o Shall we dance?, a pedido. Eu e a minha irmã ajeitamo-nos no sofá grande: afinal, ver um filme de Domingo à tarde numa Segunda à tarde nem é mau.

O meu pai entra, chegado do café habitual. Cruza a sala a tentar-se mexer ao ritmo dos sons latinos que ouvimos no filme - obviamente, faz figura de tonto. Olha para o ecran e diz 'Ah! estão a ver um filme com a Jéni Ó [sic]!'. Nós as três olhamos-nos e desatamos a rir - 'Pai, é J Lo. Ou Jeniffer Lopez, se preferires.'. Ele ri-se muito porque sabe que, de certa maneira, disse aquilo só mesmo para nos rirmos e conseguiu. Agarra-se à caixa de ferramentas e entretém-se. Há um ténue momento de paz nesta sala mas só até a sessão de cinema terminar.

Sem comentários: