abril 30, 2008

Algumas imprecisões sobre os últimos dias

Pois que a vida nos últimos dias tem muito de música pelo meio mas não tem sido apenas isso. O meu afilhado fez trinta-anos-trinta na segunda-feira e fomos comemorar com uma festa surpresa. Escolheu-se um sítio janota à beira rio e jantámos calmamente, ele já com a sua camisola do Glorioso vestida.

A ideia dos trinta já me começa a assustar, embora ainda me falte (pelo menos) um ano. Lembro-me da minha madrinha dizer que nunca se tinha sentido melhor quando entrou na terceira década da sua vida e de como só aí começara a aproveitar realmente a vida. Eu sinto-me mais confiante que antes e mais capaz de viver, menos ansiosa e certamente mais experiente. E sinto que estou a anos luz da pessoa que era aos vinte anos. Mas onde é que isso tornou tudo melhor ou mais fácil? Onde é que a vida mudou exactamente para eu sentir a vantagem de crescer? Eu não dei ainda por nada. Portanto, até ver, chegar aos trinta assusta porque eu nem sequer penso em mim como uma pessoa com mais do que vinte anos. Se calhar chegar lá é começar a ter algumas certezas. Por enquanto, continuo a deitar-me cheia de perguntas na cabeça.

Tive que tomar medidas drásticas porque estou cansada que o meu corpo continue a achar que não passei da adolescência. O médico explicou-me tudo em pouco mais que cinco minutos dentro daquele consultório antigo (tão antigo como o senhor doutor, se calhar) e assim se gasta (nesse tempo recorde dentro de uma sala) demasiado dinheiro. Eu adoro ser mulher mas os truques e os sacrifícios que são esperados de nós para que nos pareçamos com esses ideais de beleza fabricados às vezes moem-me.

Hoje é véspera de feriado e (como se lê) estou em casa, sem quaisquer planos para sair. Não exactamente por falta de opções ou convites - simplesmente porque quero estar sozinha. A noite promete o seguinte esquema: fazer um café -> ver um episódio do Lost -> fazer a minha variação do gin tónico -> ver um filme do Spike Lee -> repetir a dose do gin tónico -> quem sabe o que vai resultar depois das duas doses? Não sou anti-social e já fui mais bicho do mato. Mas, numa noite em que não preciso dormir e em que a manhã vai durar para além das oito da manhã, eu quero fazer apenas e só o que me apetece. E agora quero estar só.

3 comentários:

Rik disse...

Um post destes merecia ficar vazio de comentários, já que preferes ficar só.

Mas de tempos a tempos é mesmo preciso tirar uma noite para nós próprios :) e a tua noite até me parece bastante boa :)

E agora deixo-te só

mafaldinha disse...

Depois de anos de amizade (mais perto ou mais distante geograficamente) ainda não consigo fazer o balanço dos porquês. Porque cada vez que te leio penso no diferentes que somos, mas em como temos tanto em comum. E tenho saudades dos tempos despreocupados de liceu em que ainda nem aos 20 tínhamos chegado.
Nunca me lembro que os meus trinta-anos-trinta (como os descreves tão bem) chegam tão antes dos teus, porque se alguma de nós é mais madura que a outra, sempre achei que eras tu.
Mas ontem também só me apeteceu estar sozinha e ao ler-te hoje, vi o quão próximas estivemos.

M. disse...

Rik: a noite foi boa, como planeava :)

Mafaldinha: somos diferentes, sim, mas provavelmente há perguntas que são geracionais. E eu mais madura? Ah, pois se eu não me vejo nada assim.... Em muitas coisas, cosemo-nos com as mesmas linhas :)