junho 18, 2008

Au coeur d'un Orient *

Estão os dois sentados numa boîte de péssimo gosto e partilham o mesmo maço de tabaco. Um tem o olhar perdido num passado que o faz continuar a correr, o outro abandona-se à incerteza do caminho que fez até agora. Querem ambos ser amados apesar dos seus segredos, da falta de tempo, da efemeridade das palavras com que encantam as mulheres que à noite os satisfazem.

Ele pega na máquina fotográfica e dispara incessantemente: um abraço proibido num posto fronteiriço, a força a que submete todas as mulheres que se deitam na sua cama, o homem com quem partilha o quarto e que diz mais com os olhos do que com palavras, os cabelos negros espalhados pela almofada do seu quarto de hotel. Procura em todas as mulheres pedaços que o ajudem a construir a sua amada - aprendeu-o num dizer tradicional. Os seus olhos semi-cerrados são a fonte da luxúria, a razão pela qual as mulheres terminam a noite deitadas sob a sua objectiva. É terrivelmente sexual e sabe disso.

(ou a história deste filme que, não deslumbrando, tem o mais poderoso par de olhos - como os dele - dos últimos tempos e uma banda sonora tão inesperada me ocupará o adormecer durante algumas noites...)

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