dezembro 11, 2008

Ficção #11

Olhas para o cabelo dela, em constante desalinho, deixas os olhos descerem até ao peito onde tantas vezes recuperaste o fôlego que ela te roubava, reinando sobre ti. Se pudesses, tomava-la ali mesmo, sobre aquele banco, debaixo dos olhares inquisidores dos turistas que caminham ofegantes debaixo das oliveiras que resistem ao capricho do sol mediterrâneo. Ela seria tua e toda a gente poderia sabê-lo, poderias anunciar ao mundo a tua vitória sobre mais uma ninfa, poderias encher o peito deste sucedâneo do amor com que brindas as tuas conquistas. Ris-te só para lhe arrancares outro sorriso, só para sentires como lhe brilham os olhos, para te veres reflectido naqueles espelhos castanhos. Quando os olhares se cruzam mais do que breves segundos, param ambos de sorrir e deixam-se tomar pela electricidade que sentem na pele do outro. Sabes que serão sempre instinto, sabes que fechados numa sala ou num quarto nada vos poderá impedir de se despirem sem palavras e se abandonarem à forma como o desejo impera sobre tudo.

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