abril 06, 2009

O avô C.

O meu avô é do Sporting. Respeitamo-nos imenso como adversários futebolísticos e foi inclusivamente ele que me ensinou que nunca se deve mudar de camisola, dê lá por onde der. Durante alguns anos, o meu avô prometeu que só cortava o cabelo quando o Sporting fosse campeão. Felizmente, tem pouco cabelo, nunca se tornou numa coisa drástica. Além disso, em tempos idos, jogou à bola. E jurava que partia a perna a quem fizesse falta sobre ele em campo. É um duro.

Uma vez, num Verão não tão longínquo, discutimos com tanta violência que pensei que a nossa relação terminaria ali - não voltaria a pisar aquela casa. Mas, depois de ouvir a voz da razão (também conhecida como Mãe), resolvemos as nossas diferenças, eu engoli o meu orgulho e as coisas voltaram a ser como antes. Ele continuou a ter o dinheiro misturado com representações de santos, na gaveta das ferramentas e eu continuei a ir lanchar lá, um Capuchinho Vermelho moderno e estava tudo bem. O meu avô fugia da escola, escondia-se subindo às árvores, metia-se com outras raparigas. Deixou de fumar sem chatices e guardou o último maço de Ventil durante mais de dez anos numa gaveta, como que para provar que era capaz.

Eu gostava que ele se aguentasse mais um bocadinho. Pelo menos, para ver o Sporting ser campeão outra vez. Isso eu sei que vai demorar muito tempo.

1 comentário:

Crama disse...

Sportinguista e ex-fumador de Ventil!
Tens um avô que é um luxo!
Que ele se aguente para ver o Sporting campeão muitas vezes!