agosto 02, 2009

Fim de tarde na Quinta Formosa

Uma das coisas que mais me agrada em vir a casa é a simplicidade com que se fazem as coisas. Deixamos de exigir, de nos preocuparmos com coisas supérfluas e passamos a concentrar-nos na essência das actividades, da comida, da conversa. Uns bancos de plástico podem parecer sofás (mesmo que sejam pouco resistentes), uma velha secretária faz as vezes da mesa no quintal, os garfos são a dividir por todos. Faltava muita gente, é um facto, mas continua a ser bom conversar na rua, casaco vestido que isto já não parecem noites de Agosto, entre dois copos de cerveja e um molho de convites de casamento.

Em casa, deixamos de ser preguiçoso e ajudamos a fazer caipirinhas numa cozinha emprestada, o gelo a ser esmagado por um tacho em cima do balcão. E em casa podemos, interiormente, parar o tempo e lembrar-nos de tudo o que aconteceu naquelas velhas garagens, das pequenas mas profundas cicatrizes que nos fizeram empinar para, do alto dos nossos bicos dos pés, podermos dizer que conseguimos sobreviver. Em casa, somos os futuros daqueles adolescentes que jogavam às tardes durante um fim de semana inteiro, inconscientes daquilo a que o Mundo os iria sujeitar e somos o passado desta gente quase nos trinta que, mesmo assim, ainda ousa sonhar.

4 comentários:

Eurico Ricardo disse...

A superbock agradece profundamente este post.

K. disse...

:)


Que maravilha! Eu evito sempre a peregrinaçao de Agosto, ao contrário de 98% dos emigrantes, por isso irei disfrutar destes pequenos prazeres no início de Setembro. Até lá, mar mediterrânico e umas semanas na Galiza.

caracoleta violeta disse...

Que descrição deliciosa! Gosto mesmo muito de vir aqui ler-te. É sempre o primeiro blog a que venho. Por isso espero que nunca te passe pela cabeça deixar de escrever :) ah, e apesar de não te conhecer, é bom saber que agora estás feliz. Um abraço.

M. disse...

Sr. E, obrigada pela grande dose de ironia, muito apreciada poe estes lados.

Señor K.,trocava bem estes pipis por essas águas mediterrâneas ;)

:) Obrigada Caracoleta, por tão gentis palavras. É um prazer saber que se provoca essa efeito nas pessoas.