junho 10, 2010

O inferno são os outros

É verdade que tenho andado meio cega com esta história do Vicente: é tão maravilhoso senti-lo a mexer na minha barriga e ver que continua a crescer como manda o livro e imaginá-lo cabeludo e moreno cá fora que estava esquecida da facilidade com que me estragam um dia. Ora, se a pessoa que o fizer for ainda cobarde o suficiente para não admitir o que tem andado a esconder de mim, se preferir que seja eu a passar por incompetente e alguém mal formado, se já não lhe restar o mínimo de ética e seriedade, então é coisa para me deixar mesmo fora de mim. 

Certamente tenho muitos defeitos mas um deles não é, de certeza, ser mau carácter: com o passar do tempo, tenho aprendido a aceitar as minhas responsabilidades e assumir os meus erros sem vergonha. Agora, aquilo de que sou realmente culpada é desta infinita ingenuidade, esta vontade desmedida de acreditar que as pessoas não podem ser completamente más porque não acredito num mundo totalmente injusto. Acho triste e meio absurdo que as mesmas pessoas a quem vamos buscar algum conhecimento e até inspiração se revelem, tempos mais tarde, o exemplo mais podre da pessoa em que quem não nos queremos tornar. Sou cada vez menos uma people's person e tenho essa gente a agradecer. Mas enfim, as cambalhotas do meu  filho (caramba, dizer isto em voz alta é simultaneamente terno e assustador!) e a paciência da minha pessoa preferida não vão deixar que me torne numa pessoa amarga. É respirar fundo e colocar essa gente onde realmente merece estar: atrás das costas.

1 comentário:

Helena Barreta disse...

Ainda bem que não deixa que essa gente se intrometa na sua/vossa felicidade. O Vicente agradece.