julho 19, 2012

Eu, que sou uma pessoa descrita por alguns como anti-social, às vezes tenho muita inveja de quem tem grandes grupos de amigos. Se, por um lado, me sinto auto-suficiente no meio da minha pequena família, por outro parece que há ali um vazio qualquer que nunca, até hoje, soube preencher. Lembro-me de viver em Berlim durante aquele Erasmus, de ter sempre amigos de um dos companheiros de casa a chegarem e a partir, a enviarem fotografias e a trocarem cartas e eu a perguntar-me porque raio não me acontecia aquilo com os meus amigos. Nunca encontrei resposta para isto mas esta maneira de estar sozinha no mundo ensinou-me a viver também sozinha.

Eu gosto muito dos meus amigos. São poucos e alguns têm cada vez menos tempo para nós e para os outros mas isso não impede que eu goste deles. Só que não posso ignorar que uns nos têm mais no pensamento que outros e que até nós sofremos dessa diferenciação. Gostava que nos importássemos mais uns com os outros, que tentássemos encontrar gestos que sejam especiais para cada uma das nossas amizades mas, francamente, às vezes parece que toda essa preocupação cai em saco roto.

Estar longe (outra vez) não é fácil. É verdade que os horários eram incompatíveis, as vontades também mas sempre se podia combinar um picapau no café da esquina ou um gelado no Chiado. Estar sem amigos é difícil e torna este caminho muito mais penoso. É por tudo isto que eu celebro ainda mais os amigos que conquistei recentemente, os amigos que, apesar das distâncias, apesar de terem chegado apenas agora, mostram o calor de quem já cá anda há muito tempo. E, mais do que isto, eu celebro uma amiga: neste momento confuso e difícil, era tudo o que eu precisava. E, como um pouco em tudo ultimamente, eu tive a sorte de conseguir uma assim. As coisas que ela me oferece não se podem comprar e talvez nem as pudesse pedir a outra pessoa. Às vezes ela chega a ser o meu grilinho falante sem o desconfiar, fazendo-me acreditar mais no meu instinto e lembrando-me que tanta ansiedade nunca levou ninguém a lado nenhum.

Eu gosto muito dos meus amigos mas gostava que estivéssemos (metaforicamente falando) mais perto, que pudéssemos celebrar mais amiúde esta nossa ligação. Não me esquivo às responsabilidades e prometo também não deixar os laços esmorecerem, seja lá como for. Entretanto, recebi uma carta linda e fiquei realmente menos só.

1 comentário:

Dalma disse...

Marisa,não penses que depois de teres uma criança era, mesmo que por cá poderes manter esses hábitos de encontro com as amigas! Os filhos não dão tréguas...imagina que desde que eu fui para Portalegre até 15 anos ou mais nunca mais pude ir com regularidade ao cinema! De vez em quando quando íamos a Lisboa isso acontecia mas mesmo só de vez em quando!
Mas agora há o Skype, o Messenger, os emails! Eu que o diga que graças a estas fantásticas ferramentas me voltei a ligar a muitas amigas e a antigas e queridas alunas, uma delas TU!