agosto 20, 2013

Regressar a 1997


Temos andado vidrados no Seinfeld e a coisa ainda está para durar! Consegui as nove séries e bem, há dias em que são episódios atrás de episódios com intervalo só para deitar o gaiato, que até se entretém com isto e vibra com o genérico e tudo.

Já não sei  muito bem de onde veio este interesse, aposto que vimos alguma coisa do George Constanza e ficámos como dois tontos a rir e a pensar nessa grande personagem. Eu lembro disto passar na TVI já tarde quando tinha acabado de entrar na universidade. Lembro-me de lá em casa existir uma Elaine (eu, ora) e o Jerry (o meu amigalhaço S.). Depois tínhamos uma amiga que fazia as vezes do George e o mais maluco dos amigos que tinha muito de Kramer. Eu já adorava a série nessa altura mas revê-la agora, já na faixa etária destas personagens, faz um bocado mais de sentido. É claro que geografica e culturamente estamos muito distantes mas há coisas que fazem mais sentido agora do que em 1997. E bem, eles são um grupo de amigos um bocado atípico (nenhum casal, todos independentes com o seu próprio apartamento, um rodopio de relações amorosas sem que me tenha ocorrido qualquer ideia de promiscuidade) mas acho que é quase impossível uma pessoa  ver a série e não se comparar com alguma das personagens. E acho reconfortante sentir que não é preciso muitos adereços, cenários ou efeitos especiais para criar uma série de culto, só bons diálogos sobre tudo (e sobretudo sobre nada), um bocado de comédia física (ou slapstick e o Kramer é o maior, just sayin') e muita, muita imaginação.

Eu acho o Seinfeld um bocadinho irritante e às vezes um bocado snob. Não ajuda o facto dele ter umas expressões faciais mesmo feias e aquele tom de voz uns decibéis acima do aceitável para um homem. Apesar de ele ser o centro da série, acho-o a personagem mais sensaborona de todas. A Elaine é engraçada e a típica miúda do meio de um grupo de amigos só de homens. Tão depressa quer ser uma companheirona como quer que a vejam como uma mulher interessante e atraente. Adoro um episódio em que ela deixa uma mensagem hiper sexual no gravador do Seinfeld, fazendo-se passar por uma mulher desconhecida e os homens todos ficam tão doidos com o que ela diz que não querem parar de ouvir a mensagem - é que às vezes a gente esquece-se que os nossos amigos/conhecidos/colegas têm outra vida para além daquela que partilham connosco. Depois há o George e todo um tratado sobre o falhanço! O tipo que acha que não está à altura de nenhuma mulher, o tipo que sabota as próprias oportunidades profissionais e amorosas, o tipo que é demasiado auto-consciente em quase todos os momentos da sua vida. Acho que é a minha personagem favorita, derreto-me com a pena que sente de si mesmo, adoro como (mesmo assim) consegue conquistar mulheres mas principalmente parto-me a rir com todas as vezes em ele é vítima das suas próprias mentiras. E finalmente há o Kramer, o indigente da porta em frente, o tipo que é fisicamente muito, muito engraçado mas sobre o qual me faltam muitas pistas para que seja uma personagem mais consistente. É claro que adoro a maneira intempestiva como entra em cena ou o à vontade como toma tudo como seu ou as ideias mirabolantes que têm mas nunca põe em prática mas gostava de saber um bocadinho mais sobre ele.

Além disso, ver a série agora é também (involuntariamente) estudar um bocadinho de história contemporânea e analisar a década de 90. Adoro os lobbies de espera dos aviões ou os telefones nos carros, a última moda naquela altura! Ainda temos muito, muito para rir - seis séries inteiras ainda à nossa espera mas ao ritmo que isto vai precisamos de uma substituta muito depressa. Até lá, vamos recuperando este bocadinho da nossa memória.

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