dezembro 22, 2013

Balanço: a vida de trabalhadora

Falta um dia e meio de trabalho para o meu 2013 profissional terminar. O fim revelou-se bem mais desafiante do que os restantes meses e vou despedir-me deste ano de trabalho com responsabilidades acrescidas mas com a certeza que decidi acertamentente, era urgente mudar.

Comecei este ano ainda com um pouco de receio do que estava a fazer no momento. Foram meses de aprendizagem intensíssima, muitas vezes à força de não ter quem me ajudar, outras com a minha vida dificultada pelos outros. Fui conhecendo as pessoas, descobrindo com quem podia contar e quem não valia a pena mas o balanço a nível de equipa foi-se sempre deteriorando até que consegui sair.

Acho que a maior parte das pessoas do trabalho me acham demasiado séria porque me importo com as coisas que faço e porque quero que possam sempre sair bem e eu, por minha vez, não consigo habituar-me a quem vê o trabalho como um passatempo, sem qualquer responsabilidade mas com igual retribuição no final do mês. Trabalhar lado a lado com pessoas assim (que respeito, apesar de tudo) dificultou-me a vida, fez-me perguntar muitas vezes por que raio continuava eu ali. Porque sim, porque preciso de trabalhar para viver, porque não sei fazê-lo de outra forma - as respostas continuavam dentro de mim.

Com algum receio, candidatei-me à posição que hoje ocupo e vi, finalmente, o meu empenho a ser reconhecido. Foi um processo longo, acercou-se mesmo do desesperante porque eu queria uma resposta e a resposta não vinha. E também foi fracturante porque um dos colegas que mais respeito e admiro também estava na corrida. Falámos sobre isto, expliquei-lhe que não o fazia contra ele, apenas por mim e, apesar de ele compreender, acho que manchou para sempre a nossa relação profissional e isso dá-me pena. Todos sabemos que não estamos num trabalho para fazer amigos mas enfim, é sempre tudo mais fácil quando nos sentimos bem no nosso local de trabalho.

Acabo o ano feliz com tudo o que se passou e muito apoiada por outro português, com uma história de vida admirável, uma ética profissional que muito respeito e que adora contar-me sobre os pratos portugueses que a mulher, romena, lhe prepara. É especialmente importante para mim que eu e ele possamos combater o estereótipo do português (ou de qualquer povo do Sul, na realidade): falta de pontualidade, preguiça, chico espertismo, ausência de empenho. Tanto eu como ele terminamos o ano com o reconhecimento das nossas forças e isso não me podia deixar mais contente.

O ano que vem assusta-me. Mas depois penso que já pari um filho e depois disso não há nada que eu não possa fazer. Vou aprender (maioritariamente sozinha e apanhando pistas de tudo quanto vejo e escuto nas pessoas que trabalham comigo) uma profissão completamente diferente, para a qual não tenho nenhuma preparação académica. Eu faço jus à ideia que sempre tive: mais importante que estudar, ter um curso feito é querer aprender, trabalhar e absorver o que vemos à nossa volta. É claro que isto não serve para tudo (duvido que se possa formar um médico assim!) mas para alguns casos serve. Mais que isto, o meu lema para este ano será: vais aprender, tentar, praticar o melhor que possas mas se falhares... A vida continuará sempre e um emprego é apenas isso mesmo. Que venha Janeiro que eu estarei pronta para a luta!

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