janeiro 21, 2014

Construir(-lhe) uma memória



Sempre achei muita piada às histórias de quando éramos pequenas. Às fotografias nem tanto mas isto sou eu, que tenho um bocado aversão às objectivas e penso sempre que fico horrível. Mas mesmo assim é impagável ver aquelas fotografias que os meus pais nos tiraram, Portugal fora e vestidas de igual, com a roupa que comprávamos na Pinóquio em Portalegre. Não ficámos com registos em video ou audio mas os meus pais puderam conservar a memória daquele tempo em que éramos chatas e pedíamos muitas coisas mas, no final, éramos miúdas tranquilas, a crescer numa família remediada.
 
Quando comecei a pensar a sério neste acontecimento absolutamente fracturante que é ter um filho, veio-me logo à cabeça o que podíamos fazer para conservar na nossa memória (e na do bebé, claro) os primeiros anos da vida de dele e da nossa para que um dia pudessemos olhar para trás e ver como foi difícil, divertido e rápido demais. Fotografias temos aos montes, videos poucos porque não é a maneira como nos exprimimos melhor. Então eu decidi ir escrevendo aos poucos sobre o crescimento do Vicente e, pelo menos, marcar os momentos mais importantes do seu desenvolvimento. Não escrevi todos os dias, agora talvez haja mais que escrever com as observações que faz e que começam a ser um pouco mais complexas e perspicazes.
 
Para não fazer deste um projecto demasiado grande para pôr no papel, resolvi reunir tudo o que tinha até aos três anos e passá-lo ao papel, literalmente falando. Nasceu assim o primeiro volume das memórias do Vicente e das nossas enquanto pais. Tem fotografias tiradas por nós, outras tiradas por ele e atravessa os principais momentos da vida dele até agora. O livro chegou-nos às mãos ontem e é uma obra bem bonita, que me dá um sentimento de realizaçâo impagável. Não é exactamente nisto que penso quando penso em escrever um livro mas acho que afinal só já me falta plantar a árvore! Ele gostou da surpresa, só vamos ter que a preservar mais um pouco antes que ele a destrua com a sua destreza habitual! A história, como é óbvio, continua.

5 comentários:

M de M disse...

que ideia brilhante....tenho a certeza que se ele agora adorou quando for mais crescido vai realmente saber do real Valor. Que maravilha...

Quem me dera que os letristas da família pusessem em papel a nossa história, estou sempre a lutar por isso

Deste continuação ao blogue ou são coisas que ias escrevendo?

beijos

|b| disse...

Uau, até tem um grafismo supimpa!

Anónimo disse...

M. que lindo!!!!!!!!!!!!!!
O V. vai adorar esse presente tão especial :)

Beijinhos dos 3 para os 3 :) :) :)

FátimaVC

Dalma disse...

Marisa, no meu tempo de mãe de três, não era possível essa sofisticação mas também eu tenho materializadas algumas memórias nos nossos "diários de viagem"! São quatro volumes, que são simples cadernos, onde durante 15 anos de férias os meus filhos escreviam o que entendiam sobre a viagem.
Para mim são memórias de dias compartilhados por essa Europa fora. Costumo dizer que em caso de incêndio seria isso que eu resgataria pois jamais poderiam ser re-escritos!

Helena Barreta disse...

Fiz o mesmo para o meu filho, só que no meu caso o livro foi cosido por mim.