novembro 06, 2017

Trinta e oito viagens à volta do Sol

Depois de trinta e sete anos, continuo sem perceber muitas pessoas (os americanos, por exemplo), começo a perceber outras (a minha pequena filha, por exemplo, que se tem revelado numa pequena tirana em potência) mas conheço-me melhor. Não me importo de falar em público, empenho-me mil por cento em tudo o que faço, só fico contente quando sou a melhor.

2015
Cheguei aos trinta e seis com dois filhos e num estado de exaustão que me preocupa. Cheguei aqui e há dias em que eles são aquilo que me define: se os amei tudo o que pude, se lhes dei banho a correr, se consegui não gritar. Cheguei aqui e às vezes parece que eles são tudo o que interessa, mesmo quando me lembro que eu sou a minha própria pessoa, com desejos, falhas, neuras e vontades.

2013
Às vezes sinto que vivi muita, muita coisa e que aprendi outras tantas. Outras parece que cheguei agora ao Mundo e ainda estou no início da aprendizagem. No geral, o balanço entre as duas não me deixa arrependida de nada.

2012
E prometo tentar viver com menos ansiedade, aceitar os ensinamentos que os momentos mais vulgares nos trazem tantas vezes, ser menos colérica e impulsiva, duvidar menos do meu desempenho maternal, gastar menos e não me esquecer que o nosso filho é apenas uma criança.

2011
Fazer anos quando já se tem um filho é estranho: é como se me revisse neste pequeno gorducho que grita pela sala fora.

2010
O ano foi definitivamente de renovação: começou com uma imensa tristeza a oito de Janeiro, seguiu com uma notícia espantosa dia oito de Fevereiro, abanou-me no dia trinta e um de Julho e mudou a minha vida para sempre a vinte e nove de Setembro.

2009
Ainda sou uma chorona, na verdade. Choro por tudo e por nada, enervo-me a sério, comovo-me demasiado. Portanto, comprometi muitas horas de sono aos meus pais e esfrangalhei-lhes os nervos de vez em quando.

2008
São vinte e nove anos de alguma desorientação, certezas abaladas, vontade de arriscar e muitas descobertas. Que seja um ano para nunca mais esquecer.

[a escrever aqui há treze anos, hoje olho para trás e espreito o que escrevi sobre o meu aniversário desde que este blogue é gente. Descobri que nem sempre escrevi qualquer coisa, revi algumas fotografias minhas em bebé, viajei no tempo. E dou mais um passo gigante em direcção a esses monstros assustadores chamados quarenta (arrepio).]

2 comentários:

Dalma disse...

Querida, mas que título tão sugestivo e também tão geográfico para o teu post! Gostei mesmo!

Helena Barreta disse...

Muitos parabéns. Desejo-lhe o melhor da vida.